quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Seca na Região Metropolitana



Oito municípios vivem estado de emergência

Moradores sofrem com a seca há dois anos; em Cascavel, muitas famílias estão deixando a comunidade

Na comunidade Brito, localizada no município de Cascavel, distante 62 Km da Capital, nada mais restou nos terrenos dos agricultores desde a última colheita, que aconteceu há dois anos. Tudo isso devido à falta de chuva. Cascavel é apenas uma das oito cidades de um total de 15 que fazem parte da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e estão sofrendo com a seca.

Agricultores reclamam que não resta mais nada das plantações, seja para o consumo das famílias ou para a venda no mercado. Além disso, os animais morreram, e a produção foi zero, segundo moradores Fotos: Kid Júnior

No ano passado, o governador Cid Gomes decretou situação de emergência também nos municípios de Caucaia, Maranguape, Maracanaú, Chorozinho, Pacajus, São Gonçalo do Amarante e Pindoretama.

Ao todo, de acordo com dados da Defesa Civil do Estado, cerca de 122.305 pessoas foram afetadas nessas cidades que estão sofrendo com a estiagem.

Em Cascavel, foram 37.667 pessoas afetadas; em Caucaia, 30.950; já em Maranguape, 23.200 são atingidas; no município de Chorozinho, foram contabilizados 13 mil; enquanto, em São Gonçalo do Amarante, 17.488. Maracanaú, Pacajus e Pindoretama não apresentaram esses dados.

Destas cidades, apenas Maranguape e São Gonçalo do Amarante recebem a Operação Carro-Pipa, da Defesa Civil, na região metropolitana.

As precipitações praticamente pararam no município de Cascavel em 2011. Com isso, os homens do campo perderam sua fonte de sustento e, hoje, sem perspectiva de melhoras, estão prestes a perder também a água que usam para beber.

Água potável

"No ano passado, não tivemos colheita porque não choveu nada por aqui. Por causa disso, também estamos com problemas para obter água potável, pois o líquido dos carros-pipa e cacimbas não é adequada para beber", desabafou o professor e membro da Associação dos Agricultores da Comunidade Brito (AACB), Marcio Ferreira de Melo.

Das plantações de milho, feijão e mandioca nada mais restou, disse o professor. Seja para o consumo das famílias ou para a venda nos mercados mais próximos. "Os animais que as pessoas criavam morreram e a produção foi zero. Hoje, todos estão com prejuízo e sem dinheiro".

Segundo Melo, devido aos diversos problemas, muitas famílias estão decidindo sair da comunidade em busca de mais sorte e água fora dali, enquanto outros moradores continuam no local somente porque conseguiram receber o Bolsa Estiagem ou o Garantia-Safra.

Agora, a esperança desses homens do campo, comentou o membro da AACB, é de que o ano de 2013 seja melhor do que os últimos dois e traga muitas chuvas para as plantações. "Ainda estamos esperançosos. Se nada acontecer vamos para o terceiro ano de estiagem", lamentou.

Agricultura urbana
Para combater a estiagem na Região Metropolitana de Fortaleza, a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) realiza o programa de agricultura urbana e periurbana. O objetivo é o fortalecimento da rede de agricultores urbanos e periurbanos desses municípios em dificuldades. O projeto tem como foco a produção de alimentos orgânicos, visando à segurança alimentar e nutricional e a comercialização.

Até o fechamento desta edição, os telefones da Prefeitura de Cascavel não foram atendidos em nenhuma das tentativas feitas pela reportagem.

Moradores temem falta do que beber

Mesmo nos municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) que ainda não declararam situação de emergência, os agricultores estão sofrendo com a estiagem. Na comunidade Pau Pombo, no município de Aquiraz, a 32 Km de Fortaleza, os homens do campo não tem água para plantar e em breve não terão nada para beber. Dessa forma, as famílias estão procurando outras formas de conseguir o seu sustento.

Nesta época do ano, os agricultores já deveriam estar fazendo a colheita e se preparando para vender os produtos, o que a dura estiagem não permitiu

"Quando a gente fala de Aquiraz, todo mundo pensa logo que tudo aqui é praia. Mas, isso não é verdade. Por aqui, também existem muitos agricultores que dependem do seu plantio e por causa da forte seca estão sofrendo muito desde o ano passado", reclamou o agricultor Antônio Flavio Costa da Silva, 47, que mora na comunidade Pau Pombo desde que nasceu.

Segundo o agricultor, 2012 foi um ano péssimo para todos que vivem da colheita. Ele explica que, nesta época do ano, já era para estar colhendo o que havia plantado e também se preparando para vender.

"No ano passado, eu tive que procurar outros trabalhos como a escavação de poço e fazer cerca para conseguir um dinheiro para sustentar minha família. Além disso, também crio galinhas e faço coloral", disse Silva.

Outro problema, ele ressaltou, é que, sem a chuva, a única água potável vem da cacimba ou do chafariz da cidade. "Se não chover neste ano, não vou mais ter água na minha cacimba e o chafariz não funciona todos os dias", declarou.

Para o agricultor, uma das maiores dificuldades é a falta de apoio do poder público. "Por aqui, nunca passou um carro-pipa. Se precisar da Prefeitura eu que vou ter que ir atrás deles, pois ninguém vem ver a nossa situação", frisou.

A assessoria de comunicação da Prefeitura de Aquiraz informou que o prefeito tem se reunido com o governador pedindo ajuda para superar a estiagem. Mas, se a verba dos governos estadual e federal não chegar em breve, o estado de emergência terá que ser decretado. Além disso, os órgãos do município estão buscando ações emergenciais contra a falta d´água.

Prejuízos

122 mil pessoas foram afetadas pela estiagem na Região Metropolitana, que é composta por 15 municípios, de acordo com dados da Defesa Civil do Estado
Via Diário do Nordeste

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