Falta de coleta de lixo provoca reclamações
A população de Caucaia está sofrendo com o acúmulo de lixo nas ruas, problema verificado após as eleições
Publicado em 18 de novembro de 2008
Caucaia. Polêmica e sofrimento para a população de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. A Construtora Marquise, empresa responsável pela coleta de lixo no município, anunciou ontem, por meio de nota publicada na imprensa, que adotará um plano de contigenciamento para a realização dos serviços. Na prática, isso significa que as operações de rotina terá estrutura reduzida, mantendo-se apenas um atendimento mínimo à população. A justificativa para a decisão é a inadimplência da Prefeitura local para com o pagamento do serviço de limpeza urbana.
Em uma volta pela cidade, é fácil encontrar lixões improvisados ou sacos plásticos na porta das casas à espera da coleta. Um ponto crítico fica ao lado do Ginásio Poliesportivo Antônio Pereira da Costa, na Rua Contorno Leste, no bairro Planalto Caucaia. Ali, uma grande área é ocupada pelos resíduos jogados pela população. Catadores podem ser vistos com facilidade no local.
A redução das operações de coleta de lixo acaba incentivando a população a tomar atitudes que passam longe do conceito de educação ambiental. Caso da estudante Valquíria de Freitas, que não esconde estar jogando lixo naquele local. “Não vou é deixar o lixo apodrecer na porta da minha casa”, diz, lamentando. Segundo ela, faz uma semana que o caminhão do lixo não passa em frente à sua residência. Valquíria diz que a situação piorou bastante depois das últimas eleições municipais. Antes, os resíduos da “rampa” do Planalto Caucaia eram recolhidos duas vezes por semana, conforme a estudante, que garante que esse procedimento deixou de ser feito com a mesma freqüência que antes.
No bairro da Cigana, na Rua Joaquim Pompeu, um outro ponto já tradicional de depósito de lixo era limpo ontem pela manhã. Segundo os funcionários que trabalhavam na operação, a limpeza era feita a mando da Secretaria de Infra-estrutura de Caucaia. De acordo com a vendedora Jucicleide Alves Ferreira de Sousa, que tem um ponto de venda de frutas e roupa ao lado do “lixão”, esse procedimento só ocorre após os moradores ligarem reclamando para a Prefeitura.
Mais uma vez, a versão de que o serviço de coleta piorou após as eleições municipais é apresentada. “Aqui, passa a semana sem ser limpo”, diz. A vendedora diz que está perdendo freguesia com o problema, pois o local fica cheio de moscas e poeira, sem falar no mau-cheiro. Por duas vezes, segundo ela, moradores resolveram queimar o lixo no local, visto que a coleta não era feita.
No bairro Itambé, a coleta também era feita por funcionários que se diziam a mando da Secretaria de Infra-estrutura. Agentes da Marquise só foram vistos no Centro da cidade, que também aparentava estar mais bem cuidado quanto à limpeza urbana. Nos bairros Itambé e Conjunto Vicente Arruda, moradores disseram que depois das eleições, o lixo aumentou.
A reportagem do Diário do Nordeste entrou em contato com a Construtora Marquise, mas recebeu a resposta de que só o diretor da empresa, Hugo Néri, poderia falar sobre o assunto. A secretária dele, de nome Eva, disse que ele estava em um almoço e só estaria de volta à tarde — já depois do fechamento desta edição. Ela disse que não estava autorizada as informar o número do telefone celular do diretor.
Na nota publicada ontem na imprensa, a Marquise informou que “por diversas vezes, a administração municipal deixou de cumprir suas obrigações contratuais e legais, especialmente aquelas ligadas ao pagamento regular pelos serviços executados. A situação se agravou após o resultado das últimas eleições, quando os pagamentos contratuais referentes aos serviços de limpeza urbana foram suspensos e sem perspectivas de regularização até dezembro de 2008”.
Mais à frente, a nota diz que “A ausência de pagamentos, aliado ao silêncio da Prefeitura, forçou a empresa a adotar um plano de contingenciamento”.
Por orientação da Assessoria de Imprensa de Caucaia, a reportagem entrou em contato com a procuradora do Município, Ana Paola Lopes. Por telefone, ela disse que estava em um evento e só poderia falar em 30 minutos. Decorrido esse tempo, a ligação foi encaminhada à caixa postal por duas vezes. Em outra, uma pessoa atendeu, mas repetiu que a procuradora ainda encontrava-se em uma audiência.
ÍCARO JOATHAN
Repórter
FIQUE POR DENTRO
Atual prefeita foi derrotada nas eleições
A atual prefeita de Caucaia, Inês Arruda (PMDB), foi derrotada nas eleições majoritárias, realizadas no último mês de outubro, pelo candidato Washington Goes (PRB). Conhecido como Doutor Washington, ele obteve 53,61% dos votos válidos, contra 44,98% de Inês Arruda. Caucaia é um dos municípios que recebeu visitas da comissão do Tribunal de Contas do Município (TCM), em parceria com o Ministério Público, que investigam possíveis casos de ´desmontes´ de administrações públicas municipais depois das últimas eleições. A situação do município tem gerado embates na Assembléia Legislativa do Estado.
Mais informações:
Procuradoria do Município de Caucaia
Região Metropolitana de Fortaleza (RMF)
(85) 3387.8230
Construtora Marquise
(85) 3229.2922