quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

HÁBITOS ONLINE] Nordeste ocupa segundo lugar em uso de rede social

Pesquisa revela as características mais comuns entre os usuários nordestinos e suas preferências

Os nove estados do Nordeste respondem por 20% do número de usuários das redes sociais no Brasil

Os usuários de internet da região Nordeste representam o segundo contingente com maior participação nas redes sociais no País, superados apenas pelos do Sudeste. Uma recente pesquisa realizada pela Hello Reserch constata que 20% dos usuários de redes sociais no Brasil são nordestinos. O canal de interação preferido dessas pessoas é o Facebook. Apesar disso, 61% desses usuários ainda utilizavam o programa de mensagens instantâneas Windows Live Messenger (antigo MSN) e 60% continuam acessando o Orkut - a rede social do Google - principalmente nas classes D/E.

E o que os nordestinos estão fazendo nessas redes? Segundo o levantamento, 71% dos usuários do Facebook na região querem acompanhar o que acontece no dia a dia de amigos e familiares. Uma fatia de 44% deles deseja somente comunicar-se mais rapidamente, se utilizando para isso dos posts ou bate-papo. Já a vontade de compartilhar fotos e vídeos fica na terceira posição em objetivos da rede social, com 34% dos votos. Dentre outros motivos apontados por moradores do Nordeste para acessar o Facebook, estão conhecer novas pessoas e ter acesso a notícias.

O estudo também apontou que 31% dos nordestinos, na maioria mulheres, acessam o Facebook pelo menos uma vez por dia, enquanto 20% só verificam a rede entre uma e duas vezes por semana. Sessenta e quatro por cento afirmaram publicar conteúdos em sua "timeline" (linha do tempo), em especial coisas de suas vidas pessoais, como fotos de família e amigos ou check-in em locais que frequentam. Para 48% dos moradores do Nordeste, esses são os conteúdos preferidos, enquanto 32% "curtem" (sinalizam ter gostado) as frases de autoajuda, piadas ou humor em geral, assim como vídeos virais que circulam na internet.

Perfis e estilos
Você já parou para pensar em como você utiliza seu perfil em uma rede social? Será que seus amigos já pensaram "lá vem o Fulano falar de política outra vez" ou "mal o Big Brother Brasil começou, e Cicrana já está reclamando"? Quantas pessoas já foram "canceladas" no seu feed de notícias do Faceboook por se comportarem de maneira indevida ou irritante? Estas e outras questões também motivaram a pesquisa da Hello Research, que revelou não só os principais temas procurados nas redes sociais pelos nordestinos, mas também os perfis mais comuns desses usuários.

O estudo da Hello Research se baseou em 1,3 mil entrevistas pessoais domiciliares feitas em 70 cidades espalhadas por todo o País, com homens e mulheres a partir de 16 anos, nas classes sociais A, B, C, D e E. A partir disso, a empresa de pesquisa de mercado concluiu que canais como Twitter, Google Plus, Tumblr ou YouTube perdem na preferência dos usuários para o Facebook. E quando se trata desta rede social criada por Mark Zuckerberg, a pesquisa conseguiu identificar comportamentos parecidos e característicos entre os usuários da região Nordeste, o que possibilitou uma categorização dos participantes em perfis específicos.

Falando de tudo
Sabe aquele seu colega de trabalho que tem uma opinião para tudo? Ele comemora o gol, reclama da política, discute o final da novela, compartilha um post de humor e ainda fala mal do chefe, tudo na mesma linha de tempo e talvez em um único dia. Para a Hello Research, esses são os chamados "Arroz de Festa" das redes sociais. Este é o perfil de usuário mais comum no Facebook brasileiro e engloba 30% dos usuários.

Segundo o levantamento, esse grupo é formado pelos "heavy users", as pessoas com mais acesso às redes, sem limitação de sexo, classe ou idade. O levantamento apontou que, quando um "arroz de festa" gosta de um conteúdo, ele se sente impelido a compartilhá-lo em sua linha do tempo, mas apenas ignora o que traz desinteresse.

Para o estudante Brendo Bezerra, o compartilhamento excessivo nas redes sociais reflete uma necessidade de as pessoas serem notadas. Na opinião dele, que já cancelou assinatura (acompanhamento de conteúdo)de diversos amigos por conta do grande volume de postagens, "esses usuários ´pegam´ os assuntos de maior repercussão na rede para não se sentirem de certa forma excluídos dentro da sociedade virtual".

Os reclamões
Resumidamente, são aqueles que não gostam de nada entre os assuntos abordados na rede. Mas não param por aí. Esses usuários "do contra", como foram denominados pela pesquisa, não perdem chance de falar mal de posts alheios, nem hesitam em deletar um amigo que falou o que não devia em público. Ocupando o segundo lugar no ranking dos perfis mais encontrados, com 27% de usuários, esse grupo se destaca pela maior presença de nordestinos reclamões. Ou reclamonas, já que as mulheres superam os homens em número nesse segmento. A maioria faz parte da classe A ou B e tem entre 31 e 50 anos.

O universitário Leonardo Bezerra confessa que já desistiu de discutir com o amigo reclamão, Jefferson Figueiredo. "Quando ele não concorda com algum post, logo vem com uma resposta de duas páginas. Tem umas que eu nem leio mais", revela. O "do contra" aceita o título de "chato", mas se defende também. "Sim, eu comento as coisas que eu não concordo e esboço contra-argumentos, mas não reclamo das coisas que eu não gosto o tempo todo. Isso é chatear as pessoas gratuitamente e esse não é o meu objetivo. O meu negócio é confronto de ideias", rebate Jefferson.

Ao contrário do que aponta a pesquisa, contudo, Jefferson jamais excluiu um amigo do Facebook por ter postado algo indevido. "Posso não concordar com todas as pessoas, mas respeito a opinião delas e acho justo que elas discordem do que eu disse e contra-argumentem", explica.

Loucos por esportes
Batizada de "Hooligans", essa é uma turma dominada principalmente pelos homens que adoram discutir sobre esportes, principalmente sobre futebol. Não são os que mais acessam a rede, mas quando o fazem lideram em número de postagens. Sabe aquele seu amigo que, na rede social, narra o jogo do time de coração, incluindo os gols, faltas e pênaltis? Ele faz parte dos 22% de membros da rede que entram nessa categoria. A maior parte desses usuários pertence às classes B e C e está na faixa etária entre 16 e 30 anos.

O estudante Juscelino Filho é um "hooligan recuperado". De acordo com alguns amigos, ele era conhecido por narrar partidas de futebol pelo Twitter. Ele mesmo reconhece: "Se eu fizesse no Facebook o que fazia no Twitter, não teria amigos nem na vida real". Juscelino só foi entender que incomodava os seguidores pela frequência das postagens quando uma amiga avisou que o "cancelaria" em dias de jogo. "A partir dali, criei noção do que eu fazia e fui diminuindo o ritmo", conta. "Percebi que atualizações desenfreadas sobre qualquer tema, nas redes sociais, não eram tão legais quanto se imaginava", pondera.

Noveleiros
Em quarto lugar, com 21% do público no Nordeste, está o grupo cujos temas preferidos são humor, autoajuda e novelas. Chamado pela pesquisa de "Maricotas", por ser majoritariamente formado por mulheres da classe C entre 25 e 35 anos, esse segmento é caracterizado por não poupar comentários, quer gostem ou não do conteúdo. Este também foi apontado como o grupo com menor grau de escolaridade.

Entretanto, vale a ressalva contra o preconceito: nem todo mundo que gosta e principalmente que posta sobre esses assuntos é mulher ou não teve oportunidade de estudar. O universitário Ranniery Barros, que inclusive analisa novelas para seu trabalho de conclusão de curso, é exemplo disso. Ele revela que foi a partir de seus comentários e pela interação com outras pessoas que compartilhavam o mesmo gosto que passou "a levar novela a sério".

Quanto aos amigos que reclamam do tema de seus posts, Ranniery é bem prático. "Acho que é bobagem se incomodar com os gostos dos outros. Cada um tem os seus e se não quiser ler, é só não seguir", aconselha. 
Fonte: Diário do Nordeste

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