O programa Minha Casa, Minha Vida, do governo Federal, previa para Fortaleza a construção de 21 mil imóveis. Até agora, porém, somente 700 foram entregues. Esse número coloca o Estado como um dos piores no Brasil em termos de metas estabelecidas para o programa. Vários aspectos têm interferido para esses indicadores negativos. Em Fortaleza, por exemplo, não há tantos terrenos disponíveis para atender as condições exigidas. Outro problema é a ausência de infraestrutura básica para compor os projetos habitacionais. Com poucos espaços para a construção das casas, o preço sobe, e os agentes financiadores não estão tão dispostos a pagar o que está pedindo o mercado.
Sabedor do problema, o governo do Estado está querendo agora subsidiar parte do programa, pagando aquilo que os agentes financeiros federais relutam em fazer. Um grupo formado por representantes do governo, sob a coordenação do secretário das Cidades, Camilo Santana, tem se reunido com empresários da construção civil para azeitar projeto nesse sentido. As discussões já avançaram e envolveria a desapropriação de uma grande área territorial para a construção de um dos maiores conjuntos do Minha Casa, Minha Vida no País. O terreno, já definido, fica na Perimetral, ao lado da Chesf, nas proximidades do Conjunto José Walter.
De acordo com o levantamento inicial sobre a área a ser desapropriada, o espaço teria condição para abrigar até 17 mil imóveis. Para se ter ideia dessa dimensão, representaria cinco vezes o que é hoje o José Walter. Nada mal, para um governo afeito a megalomanias. A vantagem para o governo não se resumiria a construção do maior projeto do programa no Brasil. Uma das propostas colocadas à mesa, prevê que a prioridade na aquisição das casas seria das possíveis famílias desapropriadas nas áreas onde passaria o VLT, o que tem sido uma dor de cabeça para o governador.
A grandiosidade do projeto, no entanto, parece ter assustado. Dos 17 mil imóveis, o governo só quer agora subsidiar cinco mil, o que daria em torno de R$ 35 milhões em recursos disponibilizados. De qualquer forma, mesmo que só aceite participar do projeto com cinco mil imóveis, a iniciativa para o governo é vista com bons olhos, já que ao todo, será preciso realocar aproximadamente 3.500 famílias com as desapropriações para a execução das obras do VLT. Os construtores também não teriam nada a perder, pois ganhariam a infraestrutura e a possibilidade de posteriormente novas habitações serem erguidas na área prevista. O empecilho maior agora seria convencer os desapropriados a aceitar as transferências. O pior é que tudo tem que ser feito o mais rápido possível, já que no Brasil o mundo se acaba em 2014.
(O POVO / Menu Político / Luiz Henrique Campos)
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