sábado, 12 de maio de 2018

O sinal do que pode ser uma boa notícia


Da Coluna Política, no O POVO deste sábado (12), pelo jornalista Érico Firmo:
A redução do índice de homicídios é a primeira boa notícia na segurança pública em muito, muito tempo. Discreta e isolada, mas ainda boa notícia. A queda é de 2,6% no índice de assassinatos. Quase nada diante do descalabro que vivemos. O referencial de comparação é abril de 2017, mês de indicadores horripilantes. Porém, a melhora precisava começar de algum lugar. E finalmente ela veio. Foram 13 meses seguidos de aumento nos homicídios do Estado. Ainda que seja pequena, a melhora é boa notícia. Traz a esperança de que possa ser o início de um processo. Fortaleza, que puxou a alta dos homicídios, tem queda já pelo segundo mês. E até expressiva, de 14,9%. A questão é: vai continuar?
A resposta é: provavelmente. Em abril, o Ceará teve 368 assassinatos. Média superior a 12 por dia. Lembra da chacina do Curió e São Miguel? Até janeiro deste ano, era a maior da história do Ceará. Pois, estatisticamente, é como se tivesse havido uma chacina como aquela todo dia durante o último mês, e ainda mais uma morte. É terrível.
Mas, a comparação é feita em relação ao mesmo período do ano anterior. E o ano passado é o referencial mais sombrio possível. Em maio de 2017, foram 471 homicídios. Em junho, 474. Julho, 475. Agosto, 460. Setembro, 461. Outubro, 516 – quanto se atingiu o pior resultado da história. Então, a chance de haver um ciclo de queda pelos próximos meses é muito grande. Abril passou longe de ser algo que se possa considerar positivo. Todavia, para haver aumento de homicídios em relação ao ano passado, a quantidade de crimes precisará crescer muito em relação ao que existe hoje.
Com tudo isso, a notícia, depois de mais de um ano, da redução de homicídios é alentadora. Sozinha, significa pouco. Todavia, traz a expectativa de que inicie ciclo de melhoria. Não será fácil nem rápido. Mas, se sustentada ao longo de um ou dois anos, quem sabe devolverá o Ceará a patamar civilizado em relação à violência. No longo prazo.
A possibilidade é concreta, mas ainda é só possibilidade. Por ora, é fato isolado. Ainda assim, teria de haver um primeiro mês da sequência que se espera longa. Que seja este.
Redução de homicídios é importante porque significa menos vidas perdidas e ponto. Porém, é inegável que o resultado, se persistir, pode ser alívio e tanto para o governador Camilo Santana (PT). Conforme apontei, a perspectiva de haver novas melhoras (afinal de contas, o referencial de comparação é extremamente negativo) é bastante provável ao menos até outubro. É justamente o mês da eleição, na qual o governador tem na segurança pública o calcanhar de Aquiles.
Não que a melhora dos indicadores – e esta é da casa dos 2% – vá resolver o problema político da segurança. Atenua. Porém, já houve sequência de quase dois anos inteiros, de 2015 a 2016, de redução da criminalidade nas estatísticas. E o medo é mecanismo que atua de forma sorrateira no psicológico. Enraiza-se e se torna difícil de remover. Um episódio – e têm sido muitos e dramáticos – é o bastante para deixar as pessoas assustadas.

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